quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Eu & “O que é isso, companheiro”?

O filme que escolhi para falar hoje é uma produção nacional, drigidao por Bruno Barreto. Lançado em 1997, o filme O que é isso, companheiro? se passa na época da ditadura militar.

A história começa quando um grupo de jovens, aproveitando a visita do embaixador dos EUA ao Brasil, decidem sequestrá-lo. E em troca da sua liberdade, exigem a libertação de presos políticos que estão sendo torturados pelos militares.

Liderados por Jonas (Matheus Nachtergale), Fernando/Paulo (Pedro Cardoso), Andreia/Maria (Fernanda Torres), Marcão (Luiz Fernando Guimarães), Renée (Claudia Abreu), César/Osvaldo (Selton Mello), Julio (Caio Junqueira) e Toledo (Nelson Dantas) são os responsáveis por executarem o plano e fazerem de tudo para que o mesmo tenha um desfecho favorável aos seus interesses.

Como em momento algum parte daqueles jovens tinha a intenção de cometer atos violentos contra o embaixador, a convivência com Charles Burke (Alan Arkin) foi mais do que pacificadora. Criou-se certa intimidade entre eles, o que, de certa forma, dificultaria sua eliminação caso às exigências não fossem cumpridas.

Vale a pena conferir: Quando penso em filmes nacionais, esse é o meu preferido. Já falei aqui e torno a repetir, qualquer tipo de ditadura me irrita e toca profundamente. A militar é algo repugnante, que deveria envergonhar à qualquer país. Imaginar que uma pessoa seja obrigada a não pensar, expor suas ideias, é algo que não tem explicação. Gosto desse filme porque, embora triste, é bom saber que alguns jovens foram tão corajosos, a ponto de arriscarem suas vidas em prol de algo que acreditavam ser o certo.

Melhor Cena: Gosto muito das conversas do embaixador com Fernando/Paulo (Pedro Cardoso) e Renée (Claudia Abreu). E a cena final, que marca a volta desses jovens após o exílio. Com destaque para o desfecho de Andreia/Maria (Fernanda Torres). Chorei muito.

Curiosidades: Essa história é verídica, e foi baseada no livro de Fernando Gabeira, na obra interpretado por Pedro Cardoso. Outra personalidade política conhecida é Dilma Rousseff, aqui interpretada por Claudia Abreu. Alguns nomes foram mudados para preservar a identidade.

- O título faz uma referência a forma com que se cumprimentavam, já que, por medida de precaução, não era permitido citar nomes, para que os mesmos não fossem descobertos.

- Nos EUA o filme recebeu o título Four Days in September, como referência à data do sequestro. Concorreu ao Oscar de melhor filme estrangeiro, mas infelizmente não levou a estatueta.

- Recentemente veio a tona um boato de que o ator da Globo, Carlos Vereza, foi o responsável pelos disfarces nos jovens guerrilheiros, responsáveis pelo sequestro do embaixador.

- Quem escreveu o manifesto lido nos rádios e nas TVs contra o governo militar não foi Fernando Gabeira, e sim Franklin Martins, atual ministro-chefe da secretaria de Comunicação Social da Presidência da República. A leitura do manifesto – além da libertação de 15 presos políticos – era uma das condições para libertar Elbrick.

Eu & a Obra: Quando vi esse filme pela primeira vez, caí em lágrimas. É uma história muito forte, triste, pesada, mas admirável pela ousadia e coragem daqueles “jovens companheiros”. Fiquei muito feliz com a indicação ao Oscar e embora achasse difícil levar – não pela qualidade do filme, mas por botar em evidência uma falha de segurança do governo estadunidense (eles não iriam nos dar esse gostinho) -, sabia que se essa obra não levasse o prêmio, dificilmente um outro filme nosso conseguiria. Bom, até hoje minha professia vem se concretizando. Infelizmente!

1 comentários:

Unknown disse...

Jornalista, redatora e colunista... mas escreve "professia"??? Viva a Pátria Educadora!

Postar um comentário